Pilão
Arcado sempre teve um povo de uma cultura arraigada no sangue, de modo que
nunca se deixaram cair às comemorações folclóricas, datas cívicas, folias
carnavalescas e religiosas. Valendo ressaltar que tudo acontecia com o esforço
mútuo da sociedade pilãoarcadense sem ajuda financeira da prefeitura. A começar
pelo carnaval que se iniciava sempre no tempo certo, era um período de muita
alegria estabelecendo três dias de felicidade sem canseira apenas com uma harmônica,
um pandeiro e uma zabumba; em seguida entrava-se a quaresma na quarta feira de
cinzas com as lamentações penitenciais deste período até a sexta feira santa
quando encerrado com os penitentes se flagelando em louvor a paixão e morte de
nosso Senhor Jesus Cristo com muita oração no cemitério e na igreja. No sábado
da aleluia era dia de queimar o Judas.
No
mês de junho como sempre nosso padroeiro foi Santo Antonio, a cultura esteve
sempre presente nas harmoniosas noites em homenagem ao santo. Durante esse
período toda madrugada saía à alvorada pelas ruas da cidade, com músicas e
fogos em louvor a Santo Antonio, representado e organizado pelas pessoas
responsáveis por cada noite, junho se comemorava as fogueiras de ramos.
Fogueiras enfeitadas de frutos amarrados nos galhos. Frutos como: laranja,
melancia, mamão e outros prêmios, perfumes e outras variedades. Havia também
casamento e batizado de fogueira. A quadrilha era a festa mais esperada de São
João e São Pedro. Tínhamos o samba de roda, serestas, cantigas de roda. Festejava-se
a Independência da Bahia no dia dois de julho aonde se promovia diversas
disputas como: corrida de cavalos, disputas para tirar a argolinha dependurada
numa trave com o cavaleiro encima do cavalo correndo com uma vara em movimento
para acertar o centro da dita argolinha, apresentações de cavalos de marchas,
corridas de jegues, eleição da Rainha, finalizando com um baile de grande
participação da sociedade.
Datas
cívicas comemoradas e sempre bem organizadas, como sete de setembro com desfile
nas ruas. Dezembro: tempo em que as crianças ainda acreditavam na existência de
papai Noel, em véspera de natal esperavam amanhecer o dia com o presentinho no
pé. Era época em que se mantinha a missa do galo bem frequentada. Todos faziam
com esforço o que podiam para ter o seu símbolo natalino em casa. Suas lapinhas
(presépio) com grande variedade de enfeites onde a família e os vizinhos se
reuniam para rezar e louvar o menino Jesus a partir de vinte e cinco de
dezembro até seis de janeiro dia do encerramento. Nesse dia finalizava-se com
uma confraternização, distribuía-se licor de jenipapo, aluá para os adultos.
Sucos, bolos, ponches e balas de mel para a garotada e as mocinhas, muitas
comidas típicas eram preparadas. Para muitos que não conhece aluá é uma bebida
com álcool ou sem álcool, feita do milho, ou casca de arroz, ou limão que
antigamente se costumava fazer. Tempos em que se conheciam lindos ternos
desfilando pelas ruas da cidade. Comemorava-se o encerramento das lapinhas 06
de janeiro dia de Santo Reis e ao mesmo tempo iniciavam-se, os reis de boi que
tinha início nesta data até o ultimo dia do mês de janeiro, finalizando com um
piquenique por parte dos organizadores.
O
futebol era bem organizado, todos se interessavam em buscar recursos para
manter de pé o seu clube.
Outra
coisa interessante que existia era os benzedores e benzedeiras que curavam dor
de cabeça, tirava sol e sereno da cabeça, hemorragia, dor de dente, arca caída,
erisipela, desmintidura, dor nas tripas, espinhela caída, ferida na boca, mau
olhado, etc.
NOSSA CULTURA CULINÁRIA
Não
esqueço jamais da paçoca pisada no pilão. Pilão que é o símbolo de Pilão
Arcado. Pilão de madeira que deveria está presentes nas residências da nossa
cidade. Pilão que deu origem a cidade também deveria está presente no slogan do
município. Pilão que sumiu dos nossos olhos levando aquela gostosa paçoca
junto. A paçoca de pilão era um prato predileto na casa de cada um de nós,
sendo destinado por comum para o momento da ceia. Tínhamos o cascarrão, manuê,
pomba de maroto, cambraia, brevidade, rolinha broa e suspiro; tínhamos o
pirulito palito de mel, quebra-queixo, puxa. Tínhamos o doce de batata doce,
doce de abóbora, arrieiro e muitos outros.
PEQUENA ANÁLISE DE COMO É NOSSA CULTURA
HOJE
Hoje
ainda temos como cultura, as lamentações, sexta feita santa os penitentes,
visita de sétimo dia, dança de São Gonçalo, continuamos com reis de boi
fragilizado das cantigas e das suas vestes, numa decadência sem limite. O futebol
capenga, sem esforços dos esportistas a espera dos governantes; Santo Antonio,
esse continua cada vez mais animado preservando sua cultura, é esse o nosso
maior patrimônio histórico, uma imagem vinda de Portugal com aproximadamente
duzentos anos, trazida pela família Guerreiro. Relata-se que existem apenas
três imagens desse porte no Brasil, temos a imagem de São Miguel também como
patrimônio histórico.
São
João e São Pedro com suas fogueiras e quadrilhas animadas anteriormente, hoje,
perdeu todo o seu brilho; dois de julho poucos jovens sabem o que significa,
esqueceram nosso folclore, esqueceram nossas comidas, estamos quase sem
identidade e muita coisa não se perdeu ainda graças ao nosso pároco e grande
amigo Padre Guilherme, que a pesar de não ser pilãoarcadense e muito menos
brasileiro nos incentiva sempre a não deixar morrer a nossa rica cultura,
principalmente nas apresentações das noites de Santo Antonio que é sempre
lembrado com temas culturais criados por artistas da terra como, dramatizações
e poemas de autoria da saudosa Irene Antunes, de José da Franca e outros. Organizações
de pastorais e demais outras pessoas talentosas da comunidade.
Uma
cultura riquíssima que ninguém deixava cair, cada ano bem mais bonito e
organizado. Em nossa cidade o pouco se tinha de lazer e cultura se fazia com
muito carinho, hoje um retrato bem diferente do que era antes.
Estando
à frente da Secretaria de Cultura de Pilão Arcado, tenho desejo de procurar
recursos através de projetos para trazer de volta essas culturas que estão
sendo esquecidas no decorrer do tempo. Precisamos da sua contribuição, a sua
ajuda vai fazer a diferença.
é isso ai meu amigo
ResponderExcluirA cultura pilaoarcadense,resistiu a muitas mudanças ocorridas na vida do nosso povo,muitas manifestações existe com ajuda de mestres da cultura(pessoas da antiga cidade), que ainda lutam pelo desejo de ver em seu povo algo que traduz o nosso jeito de ser,nossa identidade,como filhos dessa terra de gente boa e alegre, vamos divulgar nossas anifestações culturais.Nos dias 22 a 24 de fevereiro acontecerá nosso carnaval, fólia tradicional onde as pessaoas se divertem, vamos fazer isso com responsabilidade e amor a nosso povo e a nossa terra.
ResponderExcluirA cultura de um povo quando vem através da arte protagoniza as mudanças sociais e o processo de construção da sociedade,uma vez que a arte forma cidadãos conscientes, critico e participativo, capaz de compreender a realidade em que vive e assim intervir com toda a comunidade na construção de sua cultura local, resgatando,divulgando, difundindo e sendo sujeito ativo dessa construção.
ResponderExcluirFico feliz por ainda encontrar pessoas que pense na cultura com tanta afinidade da maneira ativa e respeitosa como foi expressada nesse comentário. Cultura nada mais é que trazer para o hoje o ontem. Quem não vive do passado tenta construir todos os dias uma nova identidade sendo essa sem reconhecimento no amanhã.
ResponderExcluirValeu Lucineia, você é uma jovem com pensamentos imortais.
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